O papel da emoção na relação entre marcas e clientes B2B

​Quando um consumidor para em frente a uma gôndola do supermercado, se depara com uma variedade de marcas para produtos tão comoditizados quanto sabão em pó ou enlatados. Com avanços e o barateamento nas técnicas de produção, fabricar produtos tão bons quanto os da concorrência ficou mais fácil, diminuindo o grau de diferenciação entre empresas B2C. Então, como se destacar em meio a uma gama de opções similares?​​

Há décadas empresas focadas em B2C já sabem que precisam apelar para gatilhos emocionais a fim de ganhar destaque frente à concorrência. Não é à toa que muitos anúncios publicitários hoje falam pouco das características técnicas do produto, mas falam muito sobre valores abstratos como confiança, amor ou felicidade do consumidor. O foco deixa de ser no produto e se direciona para a pessoa que vai usar o produto, trabalhando para fortalecer conexões emocionais entre marca e cliente.

​Mas para quem trabalha com marketing B2B, esse processo não é tão simples, pois é necessário alcançar a pessoa que realmente toma a decisão de compra. Esse comprador lida com influências diversas, como comitês de compra, consultores e processos internos complexos, antes de dar sua palavra final. Intuitivamente, a relação deixa de ser emocional como é no B2C e assume um formato muito mais racional.

​Dito isso, fica claro que recorrer à emoção na hora de fechar negócios B2B não é uma boa estratégia, correto?

Na verdade, não é bem assim. Uma pesquisa realizada pela Google em parceria com a CEB Marketing Leadership Council revelou que essa visão não poderia estar mais longe da realidade.

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A compra B2B é mais emocional que a B2C

Usando uma mesma metodologia entre negócios B2B e B2C, eles estudaram como os clientes se relacionam com as marcas e o resultado é surpreendente. Não apenas as marcas B2B geram mais conexões emocionais do que as B2C: a diferença não foi nem por pouco. Das centenas de marcas B2C analisadas, a maior parte tem conexões emocionais com 10% a 40% de seus consumidores. Enquanto isso, as B2B passam da marca dos 50%.

Em média, compradores B2B são significativamente mais conectados emocionalmente com seus vendedores e fornecedores do que consumidores comuns.

Essa relação tem muito a ver com o risco envolvido na compra. Se uma pessoa compra uma marca errada de sabão em pó, ela pode devolver o produto ou simplesmente comprar outra. Mas uma compra errada de um software que pode passar de alguns milhões, pode afetar substancialmente o desempenho da empresa, além de custar o emprego dos responsáveis. A conexão emocional forte é uma forma de amenizar os riscos.

Hoje, o branding é mais importante do que nunca para negociações bem-sucedidas. Compradores com uma forte relação com a marca fecham negócios 12 vezes mais do que quando não há essa conexão.


​Como se destacar emocionalmente

​​No final das contas, além de não ser uma compra exclusivamente racional como costuma-se acreditar, a compra B2B é uma compra pessoal. Um caminho que muitas empresas B2B escolhem trilhar é investir pesado no valor de negócio para se diferenciar. Mas na prática, hoje serviços e produtos voltados para empresas têm cada vez mais similaridades técnicas que são suficientes para um comprador. O estudo também apontou que apenas 14% dos decisores de compra aceitariam pagar mais por um serviço com “benefícios únicos”. Funções exclusivas e funcionalidades técnicas são pouco interessantes e revelaram não ter apelo suficiente para justificar a compra. Na realidade, o valor de negócio importa menos do que os valores pessoais que o comprador espera obter com a marca, como orgulho, confiança e avanços na carreira.

Mas o erro cometido aqui é focar muito no que o fornecedor é capaz de oferecer e pouco no benefício que o cliente vai realmente receber. Historicamente, quando uma marca B2B investe em branding, o objetivo é estabelecer uma reputação de qualidade. Hoje, com uma pesquisa rápida na internet, é fácil saber quais são as principais marcas do mercado. Por isso mesmo, é cada vez mais relevante demonstrar como a vida de seus clientes será melhor com a sua solução.​

Para se destacar, as empresas B2B precisam criar uma sensação de antecipação para bons resultados tanto profissionais quanto pessoais. O comprador precisa perceber que aquele investimento, além de funcionar para a empresa, será bom para ele. Dessa forma, é possível melhorar intenções de compra e até mesmo fechar negócios mais rentáveis.

Um exemplo apresentado pelo estudo apontou para uma estratégia da Xerox. Através de entrevistas com representantes e clientes, a empresa queria identificar as necessidades de seus principais clientes, escolas e universidades. O principal objetivo desse segmento? Melhorar a performance de seus alunos.

Para esse desafio, a Xerox identificou que a atenção dos alunos, recursos interativos e materiais personalizados eram os principais pontos que ajudariam as organizações de ensino a alcançar seus objetivos. Com brainstorms e processos criativos, surgiu o insight: “talvez jovens acostumados com tablets percam a concentração com impressões em preto e branco”. O pitch de vendas e a abordagem comercial mudou para se adaptar a essa descoberta e, como resultado, houve um aumento de 17% no faturamento.

Esse é um exemplo claro de como a preocupação da Xerox não era sobre como suas impressoras eram capazes de reproduzir belas cores, mas sim, sobre como professores seriam capazes de dar melhores aulas. Essa é uma visão emocional, centrada no cliente, que vai muito além das abordagens técnicas (por vezes entediantes) que muitas empresas B2B ainda mantém. É uma abordagem que demonstra comprometimento com os resultados do cliente.

Quer se diferenciar em um mercado B2B competitivo? Invista na relação dos seus clientes com a sua marca.

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